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O DIA DE HOJE.


O dia de hoje não está com nada. Trabalhei um pouco, menos do que deveria. A tecnologia me traiu. Nem o computador de mesa nem o meu portátil funcionam: o de mesa se recusa a executar QUALQUER tarefa. O portátil até faz, mas o wireless, ao que parece, não tem alcance suficiente para chegar… Moral da história: meu humor, que já não andava lá grandes coisas pela manhã, só piorou.

Talvez, se eu parasse de comer carne vermelha, as coisas iriam melhor…
Ou talvez não.
Na dúvida, vou tomar um café…
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Somos todos cyborg/robots

Amanhã vou visitar o dentista. Não será uma visita de prazer. É que ontem quebrou uma de minhas pecas de reposição, uma prótese em vidro resina em minha boca. Se partiu. Aí, percebi que ela se sustentava por uma barrinha de metal fixada em outros dois dentes, eles também “retocados”.

Desandei a meditar sobre a substância que nos compõe e, daí para as reflexões filosófico-tecnológico-ficçãocientificistas o passo foi breve.
Pensei que conheço um monte de gente cujos corpos foram modificados de maneira a englobar peças de metal. Por exemplo, quem quebrou um joelho, um braço ou outras partes, em geral é dotado de pinos. Depois, tem os que englobas metais e/o materiais orgânicos. por exemplo, quem operou de válvulas do coração, substituiu as peças originais de fábrica por outras, que podem ser de origem animal (válvulas biológicas de porco) ou de metal. Ainda, quem teve a caixa torácica serrada por uma operação dessa natureza, pode ser dotado de uma placa de metal para reunir novamente os ossos.
Pensei, também, nas partes sintéticas incorporadas por exemplo nas prótese várias (desde braços/pernas artificiais até partes em silicone).
Moral da história, minha barrinha de metal na boca, super integrada com minhas partes biológicas, é o primeiro passo um para a robotização/cyborguização. Vou revestir de novo esse metal. Minhas partes mecânica vão simular, novamente, o corpo humano….
Basicamente, essa integração tecnológica faz com que aquilo que já foi ficção científica, principalmente o gênero Cyberpunk, seja, hoje, mera realidade.
Queria fazer enxerto de duas asas também. Ainda não pode, mas logo logo conseguirei. Por enquanto, começo com um implante…
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O JARDIM DAS DELÍCIAS…

Estou com a sensação, nos últimos dias, de ter entrado por um roteiro de lugares que merecem ser conhecidos, mas que poucos conhecem. Lugares que têm, como característica principal, uma aura de espaço das fadas.

Falei de Bomarzo, com seus monstros de pedra. E hoje, quero apresentar um outro parque/jardim que parece surgir de um universo paralelo, definitivamente irreal.
Se trata de um grande parque, obra de uma artista francesa, Nikki de Saint Phalle. Esse parque se encontra na Toscana, na fronteira com o Lazio, na Itália central. Conhecido como Jardim das delícias ou dos Tarôs, se inspira diretamente de um lado a Bomarzo, do outro ao Parque Guell de Gaudi, em Barcelona. Cada edificação, cada escultura disposta no parque se inspira a uma carta dos Tarôs.
Algumas esculturas são gigantescas, a gente passeia dentro delas. Em uma, a artista fez sua própria casa, o interior da carta da Imperatriz, toda revestida como se fosse um mosaico de espelhos.
Cada peça foi realizada a mão…
Quando se ultrapassa o muro da entrada, se sente a inquietante sensação de ter entrado em um mundo enfeitiçado, povoado por presenças imobilizadas por um poderoso encantamento.
As diferentes luzes do dia transforma as tonalidades brilhantes, doando vida às personagens que povoam o espaço.
Um legado que a artista deixou e que precisa ser valorizado…
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BOMARZO, O PARQUE ENFEITIÇADO.

Em um pequeno vale verde, ao lado da cidadezinha de Bomarzo, na província de Viterbo, o senhor do lugar, homem de armas, mas também letrado humanista, Vicino Orsini, resolveu construir, nas últimas décadas de 1500, um “Bosque Sagrado”.

Nos poemas de cavalaria renascentistas, o bosque é um dos lugares recorrentes, bosque encantado onde os heróis se deparam com aparições monstruosas de feras e gigantes, de dragões e esfinges, mas também de perigosas e sedutoras feiticeiras.
As provas da selva enfeitiçada, ou bosque encantado, se torna um dos momentos cruciais da iniciação do cavaleiro à coragem e à glória: ele deve demonstrar seu valor lutando contra os dragões e as outras criaturas encantadas e superar as tentações das feiticeiras disfarçadas de donzelas.
O “Bosque Sagrado” de Bomarzo, protagonista do romance de um notável escritor argentino, Manuel Mujica Lainez, existe, mas poucos o conhecem. Quem não sente a maravilha e o encantamento de Bomarzo não poderá apreciar as sete maravilhas do mundo…
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HORROROSA MANIA!!!


Sei lá, de novo, eu não gosto dessa coisa de gente que escreve frases curtas e diz que é poesia… e em geral coisas de dar dó, além de expressar, em geral, muita dor de cotovelo.

Mas estava lá eu aplicando prova cruel aos desajeitados alunos, quando, olhando para a parede branco suja e para a caixa do ar condicionado encardida de poeira quando, novamente, a musa tomou conta de mim… E aqui vai meu calembour
Serei Serena.
Sereia
Serei Sisuda.
Sentirei
Sentidos Ausentes
Cravados no Crivo.
Me elevo.
Um Tremor,
Um Temor:
Tilintar Trágico
do meu (Mau) Humor.
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CRIATURAS DIFERENTES II: O SACI E A FLOR DA SAMAMBAIA

Peço desculpas pela demora… mas não gosto de falar de coisas tão importantes como as Criaturas Diferentes sem me atualizar… Então, como sou uma Fada Gringa em terras brasileiras, gostaria, em primeiro lugar, de parabenizar os brasileiros pela rica “fauna” de criaturas Diferentes. Não tratarei de todas, é claro, pois apesar de eu querer oferecer um manual de auto-ajuda, seria impossível cobrir tamanha extensão. Mas devo falar dessa variedade de duende, o Saci, sim, mesmo que todo mundo saiba do que se trata e quem ele é. Além do Câmara Cascudo, o Monteiro Lobato foi a fonte principal para meus conhecimento sobre essa variedade duendesca. Porém, não o Monteiro Lobato dos livros infantis, não. O Monteiro Lobato autor/escritor que gosta de fazer da literatura um laboratório, apesar das críticas oficiais considerá-lo pré-modernista, bem “modernista”. Eis que fui eu encontrar, com meu toque de Fada, o Inquerito sobre o Saci. Um livro apaixonante, que multiplica as histórias sobre essa criatura de pele escura, vestido de calção vermelho, de uma perna só, que fuma um cachimbinho (bem politicamente incorreto, nesses tempos persecutórios contra os fumantes… já gostei!). Sabemos que age feito um gremlin, ou seja, faz danos, rouba as coisas, viaja em redemoinhos… é um demoniozinho, obviamente, mais ligado ao mundo dos elementais do que às maldades das criaturas infernais. Por isso, revela seu parentesco com os duendes. Monteiro Lobato transforma a existência do saci em um agradabilíssimo texto literário, em que cria inúmeras vozes que relatam suas histórias, optando, assim, por registros linguísticos variados na construção dessa Criatura que, com certeza, fazia parte do próprio DNA dele (é só olhar as fotos do Lobato, para eliminar as dúvidas…).

Pessoalmente, enquanto Fada, reconheço o duende em sua variedade brasileira. Todos sabemos que os duendes são os responsáveis por colocarem o pote de ouro no final do Arco Iris, e muitos já tentaram encontrar esse ponto e a riqueza do pote, sempre sem sucesso. Da mesma maneira age o Saci. O relato mais poético sobre essa extraordinária criatura é a história do Saci guardião da Flor da Samambaia. Evidentemente uma flor mágica, assim como o é a Mandrágora, que nasce à noite do sêmen dos enforcados (questão, essa, que foi censurada naquela grande peça de marketing sobre bruxaria que é a saga de Harry Potter). A Flor da Samambaia também nasce à noite, nos “samambaiais”. É uma flor de uma beleza absoluta, e não poucos foram os humanos que tentaram colhe-la. No “samambaial” inteiro só há uma flor, brilhante, perfumada, latejante de cores luminosas na escuridão. Porém, qualquer tentativa de alcança-la tem sido frustrada.
No momento em que os bem aventurados que tiveram o privilégio de ver a flor esticaram a mão para colhe-la, o Saci, em um breve relâmpago a fez desaparecer, mantendo-a fora do alcance humano.
Uma história belíssima, para retomar minhas reflexões sobre nós, Criaturas Diferentes…
FdP.
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CRIATURAS DIFERENTES I: PRIMEIRO CONTATO.


Conta a lenda que

Em tempos remotos & distantes havia muitos seres diferentes, além dos humanos. Os humanos estavam, por sorte dos outros, em um lugar fechado, onde teoricamente não podiam provocar danos. Estavam atrás dos muros de um grande jardim, chamado Éden, e não atrapalhavam a vida de ninguém fora de lá. Porque fora de lá havia um monte de outras criaturas, mais ou menos dotadas de asas, mais ou menos dotadas de garras, mais ou menos dotadas de palavras, mais ou menos dotadas de magias.
Havia:
– Faunos
– Ninfas
– Deuses
– Gnomos
– Sibilas
– Anões
– Lobisomens
– Elfos
– Bruxas
– Mulas sem Cabeça
– Sereias
– Vampiros
– Gremlins
– Hobbits
– Sacis
– Fadas
– Amazonas
– e todos que não lembro agora (mas em algum momento, lembrarei…)
Quando os seres humanos fizeram danos no Parque onde estavam, acabaram caindo para o mundo. Eles tinham uma capacidade incrível de se reproduzir, então povoaram o mundo. As outras criaturas, por outro lado, tinham problemas muito sérios em manter um número mínimo que garantisse a sobrevivência de suas espécies.
Isso se deve a vários fatos. Por exemplo: os vampiros não se reproduzem por “contato & inseminação”, mas, sim, por mordida. Aliás, fique entre nós, são bem malcriados quando jantam! Todas as vezes que vampiro morde, faz aquela porcalhada toda de sangue no focinho! Nunca aprenderam a comer educadamente… Se um vampiro se acasalar de maneira tradicionalmente humana (“contato & inseminação) com uma mulher, o resultado será um humano com características psíquicas (não psicológicas, atenção!) de Vampiro. Ou seja: uma pessoa que tende a cansar os outros, “sugando” suas energias. Simplificando um pouco, por enquanto. Ou, por exemplo, as divindades, os deuses que são sempre os mesmos, mesmo mudando de lugar. Como o antigo Thot, depois chamado de Hermes, e em Roma Mercúrio. Quando, na fase da Grande Diáspora das Criaturas Diferentes, perseguidas pelos humanos, ele foi para a África, tomou residência lá pelo lado de Angola e mudou suas generalidades, passando a se chamar Exú.
Quando uma divindade se acasala com humanos, nascem pessoas psiquicamente poderosas. Claro que as características de figuras míticas como Aquiles ou Enéias, nas inúmeras gerações que se seguem, têm seus traços destemperados, mas a tendência psíquica de poderes divinos permanece em suas expressões e ações, frequentemente caprichosas, muitas vezes vingativas, na realidade quotidiana.
Anjos (que lembrei agora não estão na lista), por exemplo, quando se acasalaram com as mulheres, deram origem aos Nephilim, criaturas que muitos filmes já imortalizaram.
Bom, voltando lá, aos tempos antigos e muito lendários (mas já sabem onde vou parar, não é?) os humanos invadiram o mundo, e as criaturas, cada vez mais acuadas, reduzidas numericamente e renegadas, acabaram buscando o caminho da sobrevivência misturando seus destinos aos dos humanos.
Adotando uma teologia agostiniana aplicada a esse campo, podemos observar que em alguns humanos, em cujo passado remoto está uma dessas criaturas, pode ser observada a reminiscência da origem. Alguns, por outro lado, são conscientes do que são. Temos, assim, aqueles humanos que se dedicam, ativamente, a atividades ligadas à realização de feitiços, mágicas e outras práticas notoriamente ligadas à bruxaria. Outras, se dedicam, conscientemente, ao uso, abuso & exploração das forças alheias, reconhecidamente atividades vampirescas. Pessoas que, finalmente, “sairam do armário” e se tornaram, de certa forma, ativistas de um Grande Movimento pelos Direitos (humanos?) das Criaturas Diferentes. Até aqui, tudo bem. Precisa mesmo, impedir a extinção cultural das Diferenças nessa globalização desvairada. As Criaturas Diferentes pedem direitos de cidadania nesse mundo, e enfrentam, em geral, a desconfiança e o medo dos humanos. E não por acaso, pois há, realmente, um perigo no Vampiro, um poder nas Divindades, um Encantamento Destruidor nas Sereias. E isso dá medo aos humanos. Claro, está fora do controle deles! E as Criaturas Diferentes estão longe de serem unidas entre si. É bem difícil que uma Fada, por exemplo, se dê bem com um Vampiro. Suas visões de mundo são bem distantes. É como entre as pessoas, não se pode ser amigos de todos!
Bom, então, encerrando essa primeira incursão ao mundo das Criaturas Diferentes, para reconhecer a presença dessas criaturas é preciso conhecer um pouco mais quem são e o que fazem. Claro que não pretendo falar de todas, mas está na hora de eu também “sair do armário” e declarar não somente que
SOU FADA, SIM!
mas também que
NÃO É UMA ESCOLHA, SER FADA, É O QUE EU SOU.
Principalmente, porém, está na hora de explicar
O QUE É UMA FADA.
O QUE ELA FAZ.
DE ONDE VEM.
POR ONDE TROPEÇA.
Para tanto, dedicarei algum tempo à elaboração do mais ÚTIL
MANUAL DE AUTO-AJUDA PARA CRIATURAS DIFERENTES: COMO SAIR DO ARMÁRIO.

Fada de Preto (a.k.a. Fair in Black, a.k.a. Le Fay au Noir…).
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MINHA PRÓXIMA VIDA

Todos morremos, e um dia eu também morrerei. Não faço a menor idéia do after life, e nem me interessa muito me perguntar se irei no mesmo lugar daquele idiota que hoje me deu uma fechada com o carro. Mas gosto de pensar que, entre as muitas possibilidades, entre o morreu, fedeu e o clássico binômio céu/inferno há também a chance de reencarnar.

Então, se eu reencarnar, quero voltar como
um cavalo.
Bem alimentado, bem cuidado, nascido e crescido em haras de primeira linha.
Não um cavalo de corrida.
Nem um cavalo para puxar carroças.
Nada de trabalho pesado.
Um cavalo de
hipoterapia, para crianças com problemas físicos e mentais.
Que me abracem, me acarinhem e me amem muito.
Quero viver minha vida de cavalo completa, tornando alguém feliz pelo simples fato de eu existir no pasto.
Assim, quando morrer depois de ter sido um cavalo socialmente útil, poderei voltar.
De novo.
Como ser humano sábio e muito bom.
FdP.
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